domingo, 29 de outubro de 2017

A MANGA DE BELÉM





A avenida Nazaré ainda tem os enfeites da passagem do Círio. Linda à noite, pelo efeito das luzes. E, linda de dia, por causa de mangueiras majestosas. Paro, embevecido, a observar a avenida, percorrendo as copas frondosas com meus olhos ávidos. É impossível olhar as mangas penduradas lá em cima e não pensar em Newton e sua maçã.

Do outro lado da rua, um escudo de futebol chama a minha atenção. É a sede do Paysandu SC. O Papão de Belém. No ato, peguei o celular para tirar uma fotografia e postar para meus amigos cosmoramenses fanáticos por futebol. Pedrinho Baradelli, Nilton Stachissini, Paulo Bernabé (Zola), Jansen Silveira, José Maria Sagioneti, Mauro Bonfim, Hilário Canossa, José Hamilton David (Dula) e seu irmão José Augusto (Tuta), Marco Antonio Gonzales (Gureba)... por incrível que pareça, ou são palmeirenses ou corintianos; não há meio termo.

O escudo do Papão é lindo. Pensava nisso quando, de repente, a lei de Newton funcionou. Senti a pancada da manga bem no centro do cocuruto (me desculpem a redundância!). O susto foi maior que o estrago. A manga, madura, pesando uns 150 gramas, rolou pela sarjeta. Ainda meio zonzo pela pancada, corri atrás dela. Não vai ficar assim não, Dona Manga. Estava docinha, deliciosa. Só sobrou o caroço. 

Um amigo belenense me disse que tem duas coisas em Belém que, se o cidadão não vivenciar, significa que ele não esteve na cidade. Primeiro, tomar chuva; segundo, levar uma mangada na cabeça.

A chuva me pegou no Ver-O-Peso. 

Eu, todo pomposo, estava passeando pelo Ver-O-Peso quando a água desabou. Camiseta ensopada, só me restou uma alternativa: molhar o bico e comer um açaí. Cerveja Glacial ou Skol? Fiquei com a Glacial, para experimentar. O prato não teve segredo: pirarucu frito com açaí na tigela. Açaí com açúcar e farinha de mandioca. Dica para o marinheiro de primeira viagem: você põe um pedaço de peixe na boca e mastiga junto com açaí. Como diria o goiano: é bão dimais. 

Claro que eu fui nas Docas para degustar um sorvete de uxi e um chope de bacuri. Desta vez não fui à Casa das Onze Janelas. Mas passei na frente. É sempre um luxo estar em Belém, ainda mais para um historiador que se deslumbra diante de tantos edifícios históricos, de arquiteturas riquíssimas e detalhes maravilhosos dos mestres portugueses.

Aqui o açaí é diferente. É um creme que se come com tudo. Não se compara com o açaí vendido em São Paulo, congelado e com a aspereza de areia. É quase impossível encontrar um paraense que não goste de açaí. Assim como o cupuaçu, que em Belém é natural e não congelado.

Ah, e tem a chuva. É tradicional a chuva da tarde, mas nesta semana, na quarta-feira, a cidade foi atingida por uma tromba d’água na baia de Guajará, bem na frente do Ver-O-Peso. Um assunto que tomou conta da capital dos paraenses.

Um livro que para em pé seria pouco para escrever sobre as coisas boas, lindas e gostosas do Pará. Porém, eu comecei a escrever para falar do escudo do Paysandu que enviei aos amigos. Penso que estou ficando muito chato com meus assuntos. Até agora nenhum amigo comentou o escudo do Papão. Talvez eu tenha esgoto os assuntos. 

Está na hora de cair fora das redes sociais. Elas intoxicam. 

Belém, PA, 29/10/2017


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